Ilha do Corvo
Aqui o vento flui para os braços dos moinhos de vento
à noite sobe pela serra do Caldeirão
perturba sonhos
arrefece e regressa às falésias
para perturbar a paz de duas lagoas
Não é fácil despertar os moradores da povoação
apenas se espera o regresso da primavera
os cães ladram afincadamente
arremedando os aguaceiros de fevereiro
Os rebocos das casas lambidos pelo bolor enegrecem
o grotesco dança no labirinto de ruas cinzentas
mas aqui o heroísmo foi sempre valorizado —na luta
subjugaram-se piratas com pedras e mocas
Na época das chuvas de inverno nova pescaria
o mesmo vento que os pássaros arremedam
o marulho das ondas está na dor das mãos nas unhas partidas
e nos nós das redes de pesca
São quem mais sabe sobre o Atlântico
acreditam inabaláveis que Nossa Senhora dos Milagres
nunca fecha os olhos
vigia e salva
Ilha do Corvo
ilha de corvos
ama e estima gente dura
nem todos estão prontos para ela
Tradução para português Teresa Fernandes Swiatkieicz