Ilha do Corvo

2 Junho 2025

Ilha do Corvo

Aqui o vento flui para os braços dos moinhos de vento

à noite sobe pela serra do Caldeirão

perturba sonhos

arrefece e regressa às falésias

para perturbar a paz de duas lagoas

 

Não é fácil despertar os moradores da povoação

apenas se espera o regresso da primavera

os cães ladram afincadamente

arremedando os aguaceiros de fevereiro

 

Os rebocos das casas lambidos pelo bolor enegrecem

o grotesco dança no labirinto de ruas cinzentas

mas aqui o heroísmo foi sempre valorizado —na luta

subjugaram-se piratas com pedras e mocas

 

Na época das chuvas de inverno nova pescaria

o mesmo vento que os pássaros arremedam

o marulho das ondas está na dor das mãos nas unhas partidas

e nos nós das redes de pesca

 

São quem mais sabe sobre o Atlântico

acreditam inabaláveis que Nossa Senhora dos Milagres

nunca fecha os olhos

vigia e salva

 

Ilha do Corvo

ilha de corvos

ama e estima gente dura

nem todos estão prontos para ela

 

Tradução para português Teresa Fernandes Swiatkieicz

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.